O Padre Josias e Sua Missão Diante do Movimento Cristma de Apucarana/PR

O Padre Josias e Sua Missão Diante do Movimento Cristma de Apucarana/PR

A construção da vocação sacerdotal do Padre Josias Romero, iniciou-se por meio do grupo de jovens Guardiões da palavra de que, por tempos, participei. Nasceu o intuito em meu coração de buscar e de servir a Deus. A dedicação dos padres, das irmãs Servas da Caridade e irmãs Sagradas do Coração me chamavam muita à atenção. Veio o desejo de entrar para o seminário após convites de padres e irmãs. Entrei no seminário aos 21 anos, comecei pelo estágio vocacional no Seminário São José, da Diocese de Londrina/PR, na época era o bispo D. Geraldo Magela e D. José Lanza que hoje se encontra na Diocese de Guaxupé/MG. Assim os bispos reabriram o seminário menor da Diocese de Londrina, aceitando-me com outros meninos para seguirem em direção ao sacerdócio. Concluímos o ensino médio no Colégio Gastão Vidigal de Londrina/PR e prestamos o vestibular para o curso de Filosofia na PUC de Maringá/PR.

Ainda no seminário menor São José de Londrina, após finalizar o segundo grau, passamos por um ano de propedêutico, onde se conhece a visão geral da Bíblia, dos documentos da Igreja, sua história e o direito canônico, estuda-se latim e várias outras matérias de inserção no mundo de igreja. Fui para o seminário Nossa Senhora da Glória de Maringá, com seminaristas de diversas outras dioceses, para cursar Filosofia na PUC, junto com os alunos regulares. Não, especificamente, era um curso só para quem seria padre ou para quem seriam irmãs freiras. Havia um acordo entre os bispos da Arquidiocese de Londrina e Maringá, onde a Filosofia seria em Maringá e a Teologia em Londrina/PR. Depois de três anos em Maringá, em 2008 retornei a Londrina para cursar Teologia.

Entre a Filosofia e a Teologia, atendendo ao processo formativo, busca-se o amadurecimento do que de fato, você queira para sua vida. Ano após ano, ocorrem, por meio de uma equipe formativa, avaliações desse amadurecimento; tem um processo de acompanhamento com psicólogos, orientadores espirituais, juntamente com bispos e arcebispo. A cada ano que se passa, eles vão percebendo se você tem aptidão, se recebeu, de fato, esse chamado. O chamado é sempre de Deus, mas essas pessoas são inspiradas por Deus para nos ajudarem a melhor discernir nossa caminhada, solidificando nossa vocação para servir a Deus e aos irmãos. A equipe de formadores vai avaliando-o, ao longo de sua caminhada e o orientando. Vão abrindo os caminhos para que tenha certeza, da responsabilidade que o espera e do que quer para sua vida.

Desde pequeno, sempre fui uma pessoa inserida dentro da Igreja. Iniciei como coroinha aos 8 anos, fui membro do grupo de adolescentes “Obra nova” e, depois, como jovem, participante do grupo “Guardiões da Palavra”. Foi um longo processo vivido junto à minha comunidade em Florestópolis/PR, até o meu ingresso no seminário São José em Londrina. Além dos formadores, outras boas pessoas da família, de nossa cidade e de diversas comunidades me ajudaram e me acompanharam. Isso é de grande importância e nos incentiva ao longo de nosso processo de formação. No seminário Paulo VI da Arquidiocese de Londrina, estive por 4 anos, para o curso de Bacharelado em Teologia. O Reitor era o padre Rafael Solano, juntamente com os demais padres: Antônio Fiori, Manoel de Paula e Isaac Aguiar Luz. Todos atuaram como formadores nesse processo de acompanhamento. Ao longo desse processo na Teologia – conforme avança sua preparação – recebe-se os ministérios: de Leitor, Acólito – aquele que prepara o altar e orienta as cerimônias – e depois a Admissão Canônica e a preparação para receber as Ordens Sacras como o Diaconato para posteriormente ser ordenado Padre.

Ordenei-me diácono e exerci meu diaconato na Paróquia Santa Terezinha de Sertanópolis/PR, com o apoio do padre Antônio Jorge Naldo. E, no dia do aniversário de minha mãe – 8 de dezembro de 2017 – na Paróquia Santa Terezinha de Sertanópolis /PR recebi das mãos do arcebispo Dom Jeremias Steinmetz a minha Ordenação Presbiteral. Nessa mesma paróquia, iniciei meu trabalho sacerdotal e, em seguida, fui designado para trabalhar em Bela Vista do Paraíso/PR na Paróquia São João Batista e Paróquia Santa Margarida, no distrito de Margarida, na época, juntamente com o Padre Jorge Pereira Melo. Como Padre, ainda passei pela paróquia São Jose de Rolândia/PR e São Roque de Tamarana/PR.

Sempre estive ligado à Diocese de Londrina, mas depois de ordenado Padre, acabei caindo no vício do alcoolismo. Passei a conhecer a chácara do ‘Movimento Cristma’ que muito me ajudou em minha reabilitação. Aqui completei meu período de três meses como ‘Acolhido,’ a fim de me recuperar e voltar – tanto humana como espiritualmente – recuperado para as minhas atividades sacerdotais. Num entendimento entre mim e os bispos de Apucarana e Londrina, decidimos pela minha permanência, apoiando na recuperação dos 20 internos que o Movimento Cristma tem acolhido atualmente. Minha permanência e apoio ao Movimento Cristma está completando 15 meses, além da coordenação da Chácara de Recuperação do Movimento Cristma, também auxilio em outras paróquias de Apucarana e região que precisam de meu trabalho.

Quando vim para cá, encontrei alguns obstáculos. Vim com o objetivo de minha recuperação para seguir meu ministério como padre. Com o vício da bebida, sofri, minha família sofreu e as pessoas junto de mim também. O objetivo principal era a recuperação, para seguir com o trabalho sacerdotal, aqui encontrei as duas coisas: a minha recuperação, aliada ao meu trabalho sacerdotal. Segundo a Organização Mundial da Saúde o alcoolismo é uma doença. Agora tomo um novo direcionamento, porque os vícios matam seus sonhos, os de sua família e os das pessoas que o querem bem. Na comunidade, o povo espera que o padre represente a pessoa de Cristo. Quando somos ordenados padres pelos bispos, por meio deste Sacramento, somos revestidos de ‘Persona Crística,’ que é a própria pessoa de Cristo, que recebe a missão de orientar aos irmãos na fé em Jesus Cristo.

Aqui revi várias situações: espiritual, humana, afetiva e de convivência. A maior dificuldade é de abstinência ao álcool que, aos poucos, vai ficando para trás. Aqui você se encontra com Deus, o ambiente favorece a isso. A primeira vez que experimentei o álcool foi aos 14 anos. Vendo os demais à minha volta beberem, achava que estava bebendo socialmente e, as doses e a frequência pouco a pouco foram aumentando. No início você acha que ninguém tem nada a ver com isso, de repente percebe que é tudo ilusório. No começo tem-se sensações de euforia momentânea, mas que logo se vão e você fica com a depressão que o consome, confunde-o e atrasa sua vida. Você acaba mentindo para si mesmo. O tempo perdido nunca volta, isso acendeu um fogo debaixo de meus pés e me pus a perguntar: Quem sou eu? O que vim fazer aqui? Por isso, decidi tomar de volta o controle de minha vida, longe do vício! Aqui no Movimento Cristma, aprende-se que a fé, disciplina e perseverança trazem êxito em nossas metas e Deus é a resposta para todos nossos males.

Aqui, temos sete fases que são exaustivamente meditadas: A primeira e mais importante delas é admitir que estava derrotado pelo vício do álcool, droga, ou outro vício. Tendo uma clara visão da missão à qual eu fui confiado tornou-se mais fácil para mim, vencer o vício. Minha facilidade de convivência, com as experiências de residência em seminários – junto com outras pessoas diferenciadas da equipe diocesana que prestam apoio ao Movimento Cristma – me ajudaram a vencer o vício. Aqui, todos os dias começam às 6 h, sempre observando as sete fases: temos a reflexão da manhã, por meio do Evangelho de Deus; o café da manhã e o terço às 10 h. Seguem-se os trabalhos diversos de cuidados com a chácara; às 12 h, oração e almoço; às 15 h, reflexão da tarde e, às 18 h, a bênção com o Santíssimo, a oração do terço e a celebração da Santa Missa na Capela. Após a Santa Missa – entre nós – formamos grupos de apoio, onde cada um expressa como está se sentindo, relatando sua história, trajetória e os progressos alcançados. Após o jantar temos palestras ou estudos de algum tema, de formação espiritual, humana ou técnica. Nas quintas-feiras, temos exposição e adoração ao Santíssimo e, cada um, tem meia hora para adoração; às sextas-feiras, nos dedicamos à devoção mariana. Além das atividades normais, temos a oração das Aves-Marias, e, por fim, encerrando-se com a Santa Missa.

Aqui, meu papel é acompanhar os internos, eles possuem alojamento individual, mas estou ao lado deles desde a manhã até à noite. Busca-se o despertar espiritual em cada um, através de orações, momentos de celebrações e orientações espirituais individuais e em conjunto. Aqui, temos o estúdio da Rádio Desterro onde, juntamente com Sérgio Bolonhezi, fazemos o programa de rádio toda terça-feira às 11 h. Enviamos mensagens para as famílias dos internos por meio das ondas do rádio; tratamos o assunto “recuperação” e destacamos as fases do processo. O Movimento Cristma busca essa visão ampla de formar o ser humano de forma integral. Você pode ter o vício do celular, de limpeza, TV ou outros. Os internos, têm suas funções diversas e colaboram com o andamento das atividades desenvolvidas. Aqueles que não têm o sacramento do Batismo, a Primeira Comunhão, ou a Crisma, aqui são preparados para receberem os Sacramentos que lhes faltam.

A recuperação é, sim, possível, se você quer, se admitir, se vencer o orgulho e o egoísmo e, se você estiver com o coração aberto para aceitar ajuda. O primeiro passo é querer! Aqui, vivencio as fases de recuperação junto com eles. Tenho que colocar em mente, que eu não posso, eu não devo frequentar os mesmos lugares que frequentava, as mesmas amizades de antes que me levavam a ter recaídas e, ter a firme consciência do que é certo e do que não é. O Movimento Cristma oferece os meios e os instrumentos necessários à recuperação. Temos, todos os meses, encontros de Cura e Libertação aberto à comunidade – inscreva-se pelo nº. (43) 9.9161 3646 – com a Equipe do Movimento Cristma! Ajudo na coordenação dos eventos, com depoimentos e atendimento às confissões, dos que vêm de fora participar dos encontros.

Ajudo aos jovens de outras famílias, que passam pelo mesmo processo que passei e, hoje, abraçam o ‘Movimento Cristma’. Aqui é um ambiente maravilhoso, por si só o lugar leva você a rezar e a viver uma experiência com Deus. Algo que é um antes e um depois em sua vida. Acolhemos e precisamos de colaboração da comunidade, que nos ajuda com alimento e com o que necessitamos para o dia a dia. O lugar é maravilhoso, mas está sempre em processo de transformação – para melhor acolher as pessoas. – Estamos realizando algumas melhorias e obras com reaproveitamentos de materiais, de restos de construção que coletamos na cidade.

Alguns acolhidos são profissionais de área e aproveitamos seus conhecimentos. Por exemplo, temos uma horta e um agrônomo que toma conta dela. Precisamos, porém, de mudas de verduras para plantar; outros são pedreiros e trabalham para reformar ou construir o que precisamos. Necessitamos de materiais de construção: cimento, areia, pedra. Da parte de jardinagem, precisamos de mudas de flores e de árvores para reposição e reflorestamento. Da comunidade, também precisamos de alimentos, frutas, verduras e carne, principalmente para os eventos mensais aqui realizados. Precisamos ampliar a capela, porque o espaço é pequeno para os eventos. Deus vai nos dando os meios, e os corações generosos de pessoas da comunidade nos ajudam a seguir em frente.

Recentemente o padre Josias Romero, retornou a Arquidiocese de Londrina/PR, para assumir – como Vigário Paroquial – a Paróquia Santa Cruz, na cidade de Londrina. A ele nós manifestamos toda a nossa gratidão e, o agradecemos pelo período que passou conosco, dedicando-se ao Movimento Cristma da Diocese de Apucarana/PR. Estamos em oração para que a sua Vida Sacerdotal seja cada dia mais abençoada e de maior sucesso.

Texto e fotos: da redação.

Colaboradores:

Pe. Josias Romero, Movimento Cristma da Diocese de Apucarana/PR.

Sr. Sérgio Bolonhezi, Movimento Cristma da Diocese de Apucarana/PR.