A PARÓQUIA: RAÍZES BÍBLICAS DA COMUNIDADE CRISTÃ
O espírito de comunidade no coração da revelação
A Sagrada Escritura revela, desde suas primeiras páginas, o desejo de Deus de reunir um povo. Desde o chamado de Abraão e a formação de Israel, passando pelo envio dos profetas e culminando em Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, a história da salvação é essencialmente comunitária. Deus não salva indivíduos isolados, mas forma um povo, convoca irmãos e irmãs, chama à comunhão. A comunidade, portanto, é uma expressão do ser divino, que é Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, uma comunhão perfeita de amor. Nesse sentido, as raízes da comunidade cristã estão fincadas profundamente no solo fértil da Escritura.
Quando Jesus começa sua missão pública, Ele escolhe doze apóstolos, chama discípulos, caminha com os pobres, senta-se à mesa com pecadores. Sua vida pública é uma contínua formação de comunidade. Mais do que um líder carismático, Ele é o Bom Pastor que reúne o rebanho disperso, o Mestre que ensina, o Irmão que acolhe. Após sua ressurreição, o Espírito Santo inaugura a nova era da Igreja, reunida no Cenáculo e enviada ao mundo. A comunidade cristã nasce do Pentecostes, animada pelo mesmo Espírito que pairava sobre as águas no princípio. Deste ponto em diante, os Atos dos Apóstolos nos oferecem o testemunho vibrante de uma Igreja viva, missionária e profundamente enraizada na vida comum, na oração, na escuta da Palavra e na partilha dos bens.
Entender a vida cristã à luz dessas raízes bíblicas é essencial para redescobrir a paróquia, as pastorais, os movimentos eclesiais, e a vida de fé cotidiana como expressões autênticas dessa comunidade primitiva. Voltar às fontes, como nos propôs o Concílio Vaticano II, é redescobrir o ardor, a simplicidade e a profundidade da primeira Igreja. É deixar-se renovar pela Palavra, pelo Espírito e pelo testemunho dos primeiros cristãos.
A Igreja primitiva: casa, comunidade e missão
Na tradição bíblica, a casa sempre foi um espaço sagrado. O lar israelita era o lugar da transmissão da fé, da oração cotidiana e da partilha do pão. Era ali que se celebrava a Páscoa, que se lia a Torá, que se educavam os filhos na aliança com Deus. Quando Jesus inicia sua missão, Ele também encontra nas casas um espaço privilegiado. Ele cura a sogra de Pedro em sua casa, perdoa pecados e realiza milagres em ambientes domésticos, partilha refeições em torno da mesa familiar. Com Ele, a casa se torna lugar de encontro com Deus, de revelação, de acolhimento do Reino.
Na Igreja primitiva, a casa ganha centralidade ainda maior. Com a ausência de templos cristãos nos primeiros séculos, era nas casas que os discípulos de Jesus se reuniam para rezar, ouvir os ensinamentos dos apóstolos, celebrar a Eucaristia e partilhar os bens. As cartas paulinas são cheias de referências a igrejas domésticas: “Saudai também a igreja que se reúne na casa deles” (Rm 16,5). Essas comunidades domésticas eram lideradas muitas vezes por mulheres e homens que, com generosidade e fé, colocavam suas moradias a serviço da missão. A casa cristã se tornava, assim, extensão do Cenáculo e semente de Igreja.
Mais do que um espaço físico, a comunidade cristã era definida por uma experiência de fé compartilhada. Aqueles que criam em Jesus formavam uma verdadeira fraternidade. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma” (At 4,32). Eles viviam juntos, oravam juntos, cuidavam uns dos outros. Era uma vida comunitária que testemunhava ao mundo uma nova maneira de viver: marcada pelo amor, pela solidariedade e pela comunhão. Essa comunidade era também essencialmente missionária. Não era fechada sobre si mesma, mas aberta ao mundo. Anunciava Jesus com ousadia, mesmo diante das perseguições. Cada batizado sentia-se responsável pela difusão do Evangelho.
Portanto, as marcas da Igreja primitiva eram três: a casa como espaço sagrado, a vida comunitária intensa, e a missão como essência do ser cristão. Essas três dimensões continuam sendo atuais. Em tempos de individualismo, recuperar a comunidade é uma urgência pastoral. Em tempos de templos grandes e estruturas complexas, redescobrir a simplicidade da casa como espaço de fé é um chamado. Em tempos de fechamento e medo, reavivar o impulso missionário é sinal de fidelidade ao Evangelho.
Colaboração:
Texto de: Pe. Sérgio José de Sousa, OSJ, parte do livro, A Paróquia: Raízes Bíblicas da Comunidade Cristã.
Paróquia – Santuário São José, Apucarana/PR.
Fotos: da Redação.
Pe. Sérgio José de Sousa, OSJ. Paróquia-Santuário São José – Apucarana/PR.
Pe. Adeventino Alves de Oliveira, Paróquia São Sebastião, Faxinal/PR.
PASCOM – Paróquia Santuário São José, Apucarana/PR.
PASCOM Diocesana – Diocese de Apucarana/PR.
Grupo Mãe do Céu, Coordenadora Geral: Hellen Caroline Canton.
Movimento Cursilhos de Cristandade – MCC – Arquidiocese de Maringá/PR.
Prefeitura Municipal de Aparecida/SP.
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